RIO, SÃO PAULO, RECIFE - A Marcha da Família com Deus pela Liberdade, uma reedição 50 anos depois do que ocorreu em 1964, acontece em diversos estados com baixa adesão e uma série de incidentes. No Rio, terminou em pancadaria a Marcha da Família com Deus pela Liberdade. O movimento, com cerca de 150 pessoas segundo a Polícia Militar, que apoia uma intervenção das Forças Armadas no país, se encontrou com um grupo de, pelo menos, cinquenta manifestantes que é contra a ditadura militar e se denomina como Movimento Anti-Fascista.
A confusão ocorreu em frente ao Paládcio Duque de Caxias, no Centro, quando os dois grupos começaram a se hostilizarem. Pelo menos, 150 policiais do Batalhão de Grandes Eventos interveio. Neste momento, houve correria até a Central do Brasil. Os policiais tentaram identificar as pessoas que participaram do tumulto.
A estação do metrô da Central fechou as portas e os comerciantes fecharam suas lojas com medo de um possível quebra-quebra. A Central do Brasil também teve seus acessos fechados por alguns minutos.
A Marcha da Família com Deus pela Liberdade saiu por volta das 15h40 da Candelária ocupando a pista lateral da av. Presidente Vargas até chegarem no Palácio Duque de Caxias.
Entre os participantes estavam militares, estudantes e simpatizantes com o movimento. Um dos presentes foi o deputado federal Jair Bolsonaro, que é militar. Já no grupo do Movimento Anti-Fascista, apesar da lei estadual que proíbe o uso de máscaras em manifestações, um grupo de mascarados fazia parte e chegaram a queimar a bandeira do Brasil. Segundo a Polícia Militar, o grupo era composto por 50 pessoas e, após o confronto, se deslocaram para o antigo prédio do Dops, onde acontece uma ação de ocupação.
Em SP, bengalada em fotógrafo e briga entre grupos
Em São Paulo, dois protestos reuniram grupos de ideologias distintas. Enquanto, na praça da República, manifestantes pediam a volta dos militares, jovens na praça da Sé gritavam contra “fascistas e golpistas”. Os dois grupos ficaram a cerca de 2 quilômetros de distância um do outro. A Polícia Militar acompanhou os dois atos, que terminou em confusão. Na Sé, ao final da Marcha da Família, quatro pessoas foram detidas. Um homossexual foi agredido durante a manifestação. Um PM foi ferido no braço com lâmpada fluorescente ao defender o rapaz. Uma pessoa foi presa. Até então o único incidente registrado era de um fotógrafo agredido por um senhor, que usou uma bengala contra o profissional de imprensa. A PM não soube informar o motivo da agressão. Também na Sé, houve tumulto entre black blocs e punks, esses participavam da Marcha Antifascita.
A Marcha da Família contou com um pouco mais de 500 pessoas. Entre os manifestantes, alguns buscam assinaturas para um abaixo-assinado que tem como objetivo criar o Partido Militar Brasileiro (PMB). A cada 15 minutos, o grupo canta o Hino Nacional.
Os dois grupos deslocaram pelo centro da cidade. Da Sé, os manifestantes "anti-fascistas", cerca de 800, segundo a PM, seguiram em direção ao prédio do Dops, também na região central. Jovens mascarados acompanham o protesto. Alguns deles aos berros de “Não Vai Ter Copa".
Já o grupo da Marcha da Família deixou a Praça da República e seguiu pela Avenida São Luiz em direção à Praça da Sé. Eles gritavam: Verde e amarelo, sem foice e sem martelo". Um helicóptero da Polícia Militar acompanhou a movimentação no centro nda cidade. Os defensores dos militares gritam: “verde e amarelo, sem foice e sem martelo".
De cima do carro de som, até então o grito de guerra principal era: “um, dois, três, quatro, cinco mil...queremos os militares no governo do Brasil”. Um homem, que seria simpatizante à causa, foi expulso pelos demais manifestantes porque teria sido confundido com um integrante do PT. A polícia teve de fazer um cordão de isolamento para a saída do rapaz.
Na praça da Sé, a concentração aconteceu em frente à Catedral, onde militantes do PCO e do PCdoB, movimentos sociais, anarquistas e representantes do chamado black blocs entoam gritos de “fascistas e golpistas”. O senador Eduardo Suplicy e o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Povo da Rua, acompanham o ato. Enquanto caminham, os manifestam carregam fotos de presos políticos desaparecidos na ditadura.
Os dois atos terminaram no início da noite.
Atrito entre integrantes da marcha, black-blocs e integralistas no Recife
Em Recife, um grupo de cerca de 30 pessoas se concentraram na praça do Derbi, próxima ao Centro, com bandeiras do Brasil e um cartaz improvisado com a frase “meu Brasil é verde e amarelo, sem foice e sem martelo”. Segundo tenente da reserva do Exército, Hildernardo Ferreira de Souza, 50, o país precisa de um “ajuste político”, o que só seria possível com a volta dos militares ao poder.
— Estão todos os partidos corrompidos, envolvidos em esquemas, escândalos, corrupção. A gente não é de nenhum partido, mas quer que o Exército volte, porque respeita o povo brasileiro — disse.
Para Cibele Silveira Alves Gomes, 51, pesquisadora, a iniciativa sugerida pelo ex-militar também é necessária no momento.
— Com certeza tem que dar um jeito, uma arrumada na nossa casa. Justiça não há e a midia está amordaçada. Os políticos roubam, vão presos, mas não devolvem o nosso dinheiro. E a presidente sempre arranja um dinheiro para ajudar Cuba de Fidel Castro ou os ditadores da África — reclamou.
Um momento de tensão aconteceu quando a marcha encontrou com grupos de integralistas e de black-blocs.