A coluna "Mulheres do Mundo" da revista Marie Claire, que pertence ao grupo da Rede Globo, traz polêmica na música baiana. Com o título, "Há ligação entre o axé e o tráfico de mulheres?", a publicação pega carona no projeto antibaixaria e insinua que o ritmo tem ligação com co comércio de mulheres no país. Leia trechos da coluna:
Sou a favor de toda e qualquer liberdade de expressão e manifestação de quem quer que seja, mesmo daqueles com quem não concordo. Isso não me obriga, no entanto, a financiar mensagens que me prejudiquem ou desfavoreçam. As mulheres são cerca de metade dos contribuintes do Brasil. Não faz sentido forçá-las a promover artistas que as chamem de “ordinárias”. Para além da discussão legalista, convém falar sobre que tipo de cultura política e social músicas machistas ajudam a promover no Brasil. Para tanto, recorro a uma interessante pesquisada dirigida por Débora Aranha, presidente do Movimento Contra o Tráfico de Pessoas.
Em 2008, Débora mapeou o tráfico de crianças e adolescentes na Bahia. Acompanhou vítimas entre 12 e 18 anos, em Salvador e em Feira de Santana. Quase 90% deles eram meninas. Algumas foram aliciadas aos oito anos de idade. Todas eram exploradas sexualmente. De crianças e adolescentes risonhas, que sonhavam ser dançarinas e cantoras, elas foram transformadas em coisas, objetos a serviço do prazer alheio. Embora muito seja dito sobre turismo sexual, Débora revela que o problema é principalmente doméstico. O “cliente” dessas meninas é quase sempre um turista brasileiro. Em segundo lugar estão os próprios baianos.
Débora não tem dúvida de que a música que chama a mulher de ordinária e a cultura que permite transformar uma menina em uma escrava sexual são parte de um mesmo problema e se retroalimentam. “Na raiz do tráfico de mulheres está o machismo, a violência doméstica contra a mulher, o senso de que a mulher é inferior”, diz Débora. Não se trata de demonizar o axé. Ivete Sangalo, talvez o maior ícone da música baiana contemporânea, foi citada como referência pela maior parte das meninas pesquisas por Débora. A estrela se engajou em ações contra o tráfico de pessoas e a pedofilia. O maior mérito da lei antibaixaria até agora é promover um debate sobre que produtos culturais queremos ter".
Em 2008, Débora mapeou o tráfico de crianças e adolescentes na Bahia. Acompanhou vítimas entre 12 e 18 anos, em Salvador e em Feira de Santana. Quase 90% deles eram meninas. Algumas foram aliciadas aos oito anos de idade. Todas eram exploradas sexualmente. De crianças e adolescentes risonhas, que sonhavam ser dançarinas e cantoras, elas foram transformadas em coisas, objetos a serviço do prazer alheio. Embora muito seja dito sobre turismo sexual, Débora revela que o problema é principalmente doméstico. O “cliente” dessas meninas é quase sempre um turista brasileiro. Em segundo lugar estão os próprios baianos.
Débora não tem dúvida de que a música que chama a mulher de ordinária e a cultura que permite transformar uma menina em uma escrava sexual são parte de um mesmo problema e se retroalimentam. “Na raiz do tráfico de mulheres está o machismo, a violência doméstica contra a mulher, o senso de que a mulher é inferior”, diz Débora. Não se trata de demonizar o axé. Ivete Sangalo, talvez o maior ícone da música baiana contemporânea, foi citada como referência pela maior parte das meninas pesquisas por Débora. A estrela se engajou em ações contra o tráfico de pessoas e a pedofilia. O maior mérito da lei antibaixaria até agora é promover um debate sobre que produtos culturais queremos ter".
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