sexta-feira, 13 de abril de 2012

Mãe luta para enterrar bebê, morto há três meses



Em 11 de janeiro deste ano, Adriana Santos de Assis deu a luz a um bebê sem nome e sem futuro no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, em Acari. No dia seguinte, o primeiro filho da dona de casa, de 19 anos, morreu com pneumonia e asfixia. Três meses depois, Adriana ainda não conseguiu enterrar a criança, guardada numa prateleira no necrotério do hospital, porque o registro do nascimento, na maternidade, foi feito com a data errada: 11 de janeiro de 2011.
No dia do nascimento, a dona de casa saiu de casa às pressas, em trabalho de parto. Como não sabia o sexo do bebê, não queria decidir como iria chamá-lo e escolheu o nome depois de sonhar que estava dando banho num bebê, que ela chamava de José. Seu filho seria enterrado num caixão do tamanho de um berço, que nunca chegou a ser usado.
Adriana deixou a maternidade com o registro de nascimento errado, mas, por ser analfabeta, não reparou o erro. O registro da criança no cartório também foi feito com o ano errado. Adriana, que nem carteira de identidade tinha, voltou ao hospital para buscar o atestado de óbito do filho, que veio com a data correta de nascimento. Mas o documento não permitia a retirada do corpo, porque o bebê estava com duas datas de nascimento. A Secretaria municipal de Saúde irá analisar o caso.
Processo na Justiça
O caso parou na Justiça. Na semana passada, a advogada Simone Maria Rodrigues Leão entrou com um processo na Vara de Registros Públicos para que Adriana possa, enfim, enterrar o seu bebê.
— Nunca peguei um caso desse tipo. Em nenhum momento o hospital tentou resolver o problema — disse.
Adriana mora num casebre numa comunidade conhecida como Marimbondo, próxima à Estrada do Camorim, na Zona Oeste do Rio. Ela cuida dos três filhos do companheiro, que era casado com a irmã mais velha dela, morta há dois anos.
Ela ainda guarda as roupinhas, o berço, os bichinhos de pelúcia, e o colchão do filho, que fica em cima da cama do casal, e as tristes lembranças do dia em que foi mãe. Quando o bebê nasceu, os médicos não estavam no quarto e custaram a chegar. Mas Adriana não chegou a tocar na criança, com medo de que ela caísse da cama. A única vez em que tocou no filho, ele estava coberto por um lençol azul, na geladeira do hospital. Agora, a sua única esperança é poder enterrá-lo.












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