A aposta surpreendente e curiosa de Ronaldinho Gaúcho, ao acertar com o Atlético-MG, apresenta uma contradição financeira. Com dívida gigantesca a receber do Flamengo, o craque conseguiu na Justiça se desvincular da Gávea e agora briga para receber uma fortuna por meios legais. Só que, com propostas de clubes da Rússia, da China e do Oriente Médio, R49 preferiu ficar no Brasil, em uma equipe com situação financeira ainda mais complicada. Um risco.
— O que precisamos fazer é simples, pagar salário e o FGTS. O que falarão de dinheiro não interessa. O contrato é coisa de gente normal — afirmou o presidente do Galo, Alexandre Kalil, que rebateu os céticos na apresentação do jogador, que ganhará salário muito inferior ao recebido no Rio de Janeiro: — Não sou biruta.
Sem uma conquista expressiva há 42 anos — a última foi o Brasileiro de 1971 — o Atlético-MG ostenta uma dívida quase quatro vezes superior ao faturamento anual, segundo dados divulgados pelo próprio clube, no balanço de 2011. Na última temporada, fechou as contas com um crescimento de 20% nas despesas em relação às receitas, e amargou queda de 36% nos valores arrecadados com publicidade — o carro-chefe da estratégia do Flamengo ao contratar Ronaldinho, há 18 meses.
Desde 2006, é só prejuízo para o clube mineiro. No acumulado, ficou no vermelho em R$ 169 milhões, e só arrecadou R$ 3 milhões com bilheteria em 2011, por causa do fechamento do Mineirão para as obras da Copa do Mundo de 2014 — jogou em Sete Lagoas. Anualmente, o Galo gasta a metade do que o Flamengo desembolsa em salários com o departamento de futebol e, mesmo assim, não atinge lucro.
No ranking dos maiores devedores do país, o Atlético-MG só perde para os cariocas Botafogo, Vasco e Fluminense — que, juntos, ficam próximos de R$ 1,4 bilhão em débitos. Com pompa, os cartolas mineiros afirmaram que o maior patrocinador do clube, o Banco BMG, não participa da enganharia financeira. Em entrevista recente ao Jogo Extra, o vice-presidente do BMG, Marcio Alaôr, afirmou que está cortando gastos no esporte. De 2010 para 2011, o Atlético-MG perdeu R$ 10 milhões de parceiros comerciais e se salvou com os R$ 22 milhões arrecadados com a venda de atletas a outros clubes.
O problema é que, até o momento, os cofres mineiros não captaram recursos do exterior. Principal alvo do mercado, o jovem Bernard ficou perto de sair para a Rússia, mas o negócio melou.
O acordo do Gaúcho com o Atlético-MG é por seis meses, com chance de renovação. Os mineiros já lidam com empréstimos bancários de R$ 107 milhões. Talvez precisem estender a linha de crédito para fugir da Justiça, no final do compromisso.
— O capitão do clube saberá dos detalhes do contrato do Ronaldinho. Ninguém precisará correr pelo jogador — revelou Kalil.
Tira onda agora Ronaldinho...rsrsrrssr
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