A juíza da Vara da Infância e da Juventude de Igarapé, na região metropolitana de Belo Horizonte, adiou a decisão sobre a possível pena das duas garotas de 13 anos suspeitas de matar a colega Fabíola Santos Corrêa, de 12 anos, encontrada morta no último dia sete de junho, em um matagal da cidade de São Joaquim de Bicas, também na região metropolitana da capital. A previsão era de que a sentença fosse dada hoje.
As suspeitas deixaram o Fórum de Igarapé por volta das 15h, mesmo algemadas, elas sorriam. Duas testemunhas, que servem para a acusação e defesa, foram ouvidas pela juíza nesta tarde, e a magistrada informou que será marcada uma nova audiência nos próximos dias, para que o Ministério Público apresente suas considerações finais por escrito.
As garotas vão continuar internadas no Centro de Internação Provisória São Jerônimo, no bairro Horto, região Leste da capital, até que uma decisão definitiva seja tomada. De acordo com a lei, as jovens podem ficar até três anos detidas, mas a condenação deve ser renovada a cada seis meses. A juíza informou que irá se pronunciar apenas por meio de nota.
Reconstituição
As suspeitas de matar e arrancar o coração da amiga contaram todos os detalhes do crime durante a reconstituição feita pela Polícia Civil em junho. A conselheira tutelar que ajudou nas investigações, Fabiana Costa, acompanhou as adolescentes, que disseram ter arrancado o coração enquanto ele ainda batia. Uma das garotas contou que atingiu Fabíola Corrêa com uma barra de ferro e cortou seu peito para ter certeza de que estava morta. Segundo Fabiana, as suspeitas também revelaram que a vítima estava sob o efeito de drogas no momento do crime.
— Elas falaram isso na maior tranquilidade, sem arrependimento. Não demonstraram nenhum sentimento. Elas confirmaram tudo que disseram à polícia para o juiz.
A mãe de Fabíola procurou o Conselho Tutelar, em janeiro deste ano, quando desconfiou do envolvimento da filha com o tráfico de drogas, mas a conselheira só conseguiu conversar com ela em abril. Toda vez que uma equipe aparecia na casa, a garota fugia para uma mata. Na única vez em que falou, Fabíola contou que tinha muito carinho pela avó e o padrasto, mas não gostava da mãe, que a proibia de ter amizade com as duas adolescentes.
Justiça
— Eu quero que a justiça seja feita, a de terra e do céu. Foi muito brutal. Eu sinto raiva porque elas tiraram a vida da minha filha muito cedo. Ela tinha tudo pela frente.
A tristeza e a indignação transparecem na fala de Maria Aparecida Orlando, mãe da menina que foi cruelmente assassinada pelas amigas. Depois de encontrar o corpo da filha dilacerado, ela junta forças para aceitar o crime e conta que as suspeitas frequentavam sua casa constantemente, mas não apareceram mais depois do sumiço da garota.
A desconfiança de que Fabíola estivesse envolvida com o tráfico surgiu há um ano, quando ela começou a ficar agressiva.
— Elas eram má companhia. Eu tinha avisado, dava conselho para ela, mas ela não obedecia.
O padrasto, José Viana, também tentou desviar a enteada do mau caminho, mas diz que ela estava nervosa e desobediente. Segundo ele, as três meninas eram muitos amigas e sempre estavam juntas.
— Ela chegava mais agressiva, às vezes não tomava banho, dormia assim que chegava. Eu não sabia do namoro. A mãe falava para ela não sair, mas quando chegava da escola, já saía para rua e não ficava em casa. Só chegava à noite.
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