O eletricista Francisco das Xagas
Silva, de 66 anos, se exercita em Belo Horizonte. Mas a história nem
sempre foi assim. É difícil dizer se ele é um cara de muita sorte ou
muito azar. Leia a saga e decida: Aos
17 anos, Francisco sofreu uma úlcera supurada; aos 23, já fumante, foi
diagnosticado com tuberculose; em 1999, foi acometido por uma trombose e
aconselhado a amputar uma perna, mas arriscou retirar apenas um dedo do
pé. Poderia já parecer muita
coisa… Não era. Em 2004, três tumores benignos se instalaram na
próstata do pobre senhor. Novamente, ele se recuperou por completo – e
seguiu fumando dois maços de cigarros por dia. Foi
aos 64 anos de idade que o mais assustador aconteceu: no dia 31 de
dezembro de 2008, o coração do mineiro parou. A esposa, Fidélia,
implorou ao médico que não desistisse dele de forma alguma.
E assim foi: a cada uma das 70
paradas cardíacas, Francisco era reanimado com massagens, choque no
peito e altas doses de antiarrítmicos. A maratona durou quase 12 horas.
Depois, o paciente recebeu uma ponte de safena e três stents (“mola”
para abrir artérias). Infelizmente,
não terminou por aí: na UTI, o “Highlander brasileiro” sofreu embolia
pulmonar, insuficiência respiratória e infecção generalizada. Ficou 15
dias em coma. Os médicos previam sequelas caso Francisco sobrevivesse. E
o homem não só sobreviveu como acordou normalmente, lembrando detalhes
corriqueiros de sua rotina, como telefones e senhas de banco.
O
cardiologista Sergio Timerman, médico do Incor (Instituto do Coração)
ficou surpreso: “Nunca vi nada igual.” Segundo ele, é comum o paciente
sofrer, no máximo, quatro paradas cardíacas após um infarto. “Setenta é,
sem dúvida, um caso único.” E
Francisco segue desafiando a sorte. Após o infarto, ele parou com os
cigarros, começou a malhar, mas abusa dos doces, mesmo com a diabetes
descompensada.”Ele come doces escondido. Dá um trabalhão”, entrega a
mulher. “São só umas balinhas”, desconversa ele. Vida longa ao Francisco!
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