sexta-feira, 11 de maio de 2012

Carta denuncia estupro em 1997




O ex-bancário Pedro Meyer foi indiciado por estupro e atentado ao pudor na manhã desta quinta-feira (10) pela delegada Margaret Rocha, chefe da Divisão Especializada de Atendimento da Mulher, do Idoso e do Portador de Deficiência de Belo Horizonte. Durante uma entrevista coletiva, a delegada disse que usou como principal embasamento uma carta de uma menina de 11 anos estuprada em 1997, que estava anexada ao processo daquela época. A vítima reconheceu o suspeito em março deste ano em uma rua do bairro Anchieta, na Região Centro-Sul de Belo Horizonte.
Margaret informou que a denúncia feita há 15 anos pela família da garota também foi acompanhada por ela. “Na época, a menina estava muito abalada e tinha dificuldade em falar sobre o assunto. Ela escreveu uma carta detalhando tudo que fez no dia do crime. Durante a descrição, ela cita o nome “Pedro” por três vezes se referindo ao autor do abuso sexual”.
Policiais especializados realizaram, na semana passada, um exame grafotécnico que, segundo Margaret, comprovou que a grafia é da vítima. Na carta, a menina relata que foi abordada pelo suspeito na portaria do prédio que morava quando ia à padaria. Ele teria ameaçado a garota, caso ela não fizesse tudo que ele queria. A delegada disse que foi realizado exame de corpo de delito, confirmando a presença de sêmen no vestido e na calcinha da garota. “O resultado do exame está junto ao processo, mas não conseguimos localizar as roupas porque na época não existia arquivo de provas como estas”.
O processo encaminhado à Justiça tem cerca de 150 páginas. Segundo a polícia, os abusos sexuais cometidos por Pedro Meyer aconteceram entre 1990 e 1998, quando houve uma onda de estupros a crianças e adolescentes em Belo Horizonte. Após a prisão dele, outras 15 mulheres procuraram a delegacia e novos inquéritos foram abertos. A delegada ressaltou que vai dar prosseguimento às investigações, que podem levar a outros indiciamentos.
Defesa nega acusação
O advogado do ex-bancário, Lucas Laire, informou nesta quinta-feira (10) que só vai se manifestar depois do oferecimento da denúncia, na fase judicial. Anteriormente, em 23 de março, ele informou ao G1 que acredita na inocência do ex-bancário e que o cliente tem todos os requisitos para aguardar a conclusão do caso em liberdade. “Ele tem endereço fixo, é réu primário, não está fazendo ameaças nem pretende fugir”, alegou Laire.

Em entrevista à TV Globo Minas, o defensor reafirmou que Pedro Meyer é inocente e está sendo confundido por ter semelhanças físicas com outros acusados de crimes semelhantes. Na ocasião, Laire cobrou provas da polícia. “Não é o Pedro que tem que provar sua inocência, é o estado que tem que provar a culpa dele”, disse.

Ainda segundo advogado, o cliente sofreu pressão psicológica para assumir três crimes, o que foi denunciado pela defesa na Corregedoria da Polícia Civil. A delegada responsável pelo inquérito negou. “Não existiu em qualquer momento pressão psicológica. Ele [Pedro] confessou três delitos, três crimes, inclusive o da vítima que o perseguiu, que foi atrás, que deu inicio a toda esta história” explicou a delegada Margaret Rocha.

“O Pedro é uma pessoa que nunca teve nenhum processo, nunca teve confusão com ninguém, nunca foi envolvido em nenhum boletim de ocorrência. Ele está sendo pré-julgado com base em acusações que ainda não são acusações claras. Tanto eu quanto a família, a gente esta preocupado com a integridade física dele até para ele ter condições de responder, de deixar clara a inocência dele nessas acusações”, disse o advogado à reportagem da TV Globo Minas.

Parentes de Pedro Meyer negam o envolvimento dele nos casos. A família procurou o Ministério Público para denunciar as agressões físicas que ele sofreu na prisão, atribuídas a colegas de cela.

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