domingo, 10 de junho de 2012

Norte e Nordeste rejeitam doação de "três oitão" da Polícia de São Paulo



A proposta de doar revólveres calibre 38, já obsoletos, da Polícia Militar de São Paulo 'viajou' até o Nordeste e Norte e do País mas voltou sem aceitação. O que foi anunciado pelo governo paulista, em abril de 2012, como uma forma de ajudar Estados com forças de seguranças sucateadas foi visto pelos outros governos como um movimento na contramão da modernização dos armamentos das polícias militares. Até o momento, ninguém se mostrou interessado em receber essas armas e gastardinheiro para fazer adaptações. 



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Os motivos para a recusa dos "três oitão" também são os mesmos quefizeram a polícia de São Paulo se mover no sentido da substituí-los: esse tipo de arma tem menor capacidade de tiros, é pouco veloz e não tem a precisão de uma pistola ponto 40, atualmente utilizada pela PM paulista. Um disparo de revólver calibre 38, segundo especialistas, tem também muito mais chances de perfurar o alvo e ainda atingir inocentes ao redor. 

 A Polícia Militar de São Paulo estimava, inicialmente, que 37.000 armas seriam doadas, entre pistolas e revólveres. O número realmente doado, que “não pode ser divulgado por questões estratégicas”, é inferior porque os Estados acabaram demonstrando interesse em adquirir apenas pistolas.  

Por exigências do Exército brasileiro, que realiza o controle do armamento e munição no País, é necessário gastar dinheiro para a doação de cada arma. Além de arcar com os custos do transporte dela, o Estado que recebe o armamento precisa apagar o brasão de identificação da PM paulista e imprimir o brasão da Polícia Militar local. 

— Por essa razão, alguns Estados acabaram não tendo interesse no recebimento dos revólveres, que possuem uma capacidade de tiros inferior à de uma pistola, um valor de mercado inferior e um custos de transferência.

"Presente de grego"
A transferência anunciada pelo governador Geraldo Alckmin dos "três oitões" para Estados do Norte e Nordeste com alguns dos maiores índices de violência do País poderia causar um efeito contrário do esperado, na avaliação do presidente do Viva Rio, Flávio Rangel. A oferta de equipar as polícias do Nordeste e Norte é “presente de grego”, e poderia “aumentar ainda mais os índices de criminalidade”.

— Estão oferecendo um presente de grego, porque a impressão é de que vai aumentar a segurança, mas tenho certeza de que vai aumentar ainda mais o número de homicídios de inocentes. Segundo as últimas estatísticas [baseadas em dados do SUS], é no Norte e no Nordeste onde os homicídios por armas de fogo mais têm aumentado, uma média de 40%. O contexto de truculência na abordagem e no despreparo dos soldados, tão comum nessas regiões, pode fazer com que a utilização do revólver 38 cause ainda mais mortes. 

Já na avaliação do professor da UERJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Ignácio Cano, aceitar a doação dos "três oitão" provocaria como efeito colateral um custo político. Isso porque, segundo ele, poderia gerar forte revolta dos policiais, que ficariam contrariados em utilizar um armamento ultrapassado.

— Ninguém vai ser obrigado a aceitar. Mas pode soar arrogante o Estado de São Paulo oferecer armas obsoletas sem ter feito uma sondagem de interesse de outros Estados. [...] Politicamente, acho que pode ser complicado, mas só cada um dos Estados pode decidir se aceita ou não.


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